Costuma dizer-se e muito
acertadamente que uma imagem vale mais do que mil palavras. Este mês vou deixar
que sejam as imagens a falar por si porque elas retratam muito melhor do que eu
seria capaz de fazer com a minha escrita o estado vergonhoso em que se
encontram vários troços da Rampa da Pena. Não estou a falar obviamente das
condições do asfalto que está em bom estado mas dos espaços que lhe estão
adjacentes. Muros derrubados, dezenas de árvores caídas, troncos abandonados e
matas por limpar oferecem um espectáculo degradante aos milhares de visitantes
que por ali passam em busca do encantamento e da magia da nossa serra, dos
nossos parques e dos nossos monumentos. É por ali que passam todos os
visitantes de um dos monumentos mais visitados do nosso país, o Palácio da
Pena, eleito, como se sabe, uma das sete
maravilhas de Portugal. Não é nada agradável e em nada prestigia Sintra o
estado de abandono em que se encontram algumas das quintas que bordejam a
famosa e lindíssima Rampa da Pena. Esta situação que se arrasta já há demasiado
tempo agravou-se com o temporal que se desabou sobre a serra no Inverno do ano
passado e que o deste ano piorou ainda mais. Não sei a quem atribuir a
responsabilidade por esta situação que nos envergonha a todos. Será à empresa
Parques de Sintra Monte da Lua? Não creio. Será à Câmara Municipal de Sintra?
Talvez em parte, Será aos proprietários dessas quintas e desses espaços, que
negligenciam o seu património? Penso que sim. Que fazer então?
Não sou jurista mas julgo
saber que existe legislação que permite à Câmara intervir quando o que está em
causa é a defesa dos interesses e da imagem de Sintra e coloca em causa o estatuto de Património Mundial da Humanidade
na categoria de paisagem cultural que tão orgulhosamente aufere.. A situação em
que se encontram essas propriedades coloca em sério risco a segurança do coberto
florestal da nossa serra, dos edifícios e monumentos que ali existem por
potenciar o risco de incêndio que a acontecer seria uma verdadeira tragédia..
Se os proprietários negligenciam o seu património, que é também património de
Sintra, a Câmara tem a obrigação de agir e acionar todos os mecanismos legais
que a legislação lhe permite para defender os interesses e prestígio de Sintra
que é, repito, Património Mundial da Humanidade. Muito mais poderia ainda
acrescentar mas cedo agora a palavra às fotografias que fiz muito recentemente
e que são suficientemente elucidativas.
Guilherme Duarte
(Publicado no número de Junho de 2014 do jornal Cruz Alta)
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