PREÂMBULO

Deus quis fazer de Sintra um verdadeiro paraíso enquanto o homem parece empenhado em transformá-lo num inferno. À magia, ao misticismo, ao mistério, ao romantismo e à história gloriosa de Sintra contrapõe-se actualmente a incompetência, o desinteresse, o desleixo, o desrespeito, a ganância e o oportunismo de quem tem por missão defender esta terra única e maravilhosa que Lorde Byron um dia designou como um Éden Glorioso. Celebrada por grandes vultos da cultura mundial do passado, Sintra não pode ser agora desrespeitada pelos medíocres. O futuro de Sintra só pode ser projectado com um total e rigoroso respeito pelo seu passado e pelas sua características únicas. Sintra não é uma terra qualquer e por isso mesmo não pode ser governado por uma gente qualquer. Só os sintrenses por nascimento ou por adopção, podem defender convenientemente este pedaço de paraíso que Deus nos concedeu. Para servir Sintra é preciso amá-la, senti-la, e quem melhor que os sintrenses para o fazer?

A ruína alastra um pouco por toda a parte, as fontes calaram-se e já não nos embalam com o seu canto refrescante. É imperioso reverter esta situação. Eu sei que há sintrenses bem mais competentes do que eu para lutar por Sintra. Há muito que venho lutando dentro das fracas possibilidades de que disponho, mas nem a modéstia dos meus argumentos nem o brilhantismo dos argumentos de quem sabe e pode mais do que eu, têm merecido a atenção dos responsáveis autárquicos competentes. Só nos resta continuar fazer ouvir a nossa voz, os nossos protestos e a s nossas sugestões. Todos não somos demais para defender a nossa SINTRA.

quarta-feira, 25 de março de 2015

A RAMPA DA PENA

                        
Costuma dizer-se e muito acertadamente que uma imagem vale mais do que mil palavras. Este mês vou deixar que sejam as imagens a falar por si porque elas retratam muito melhor do que eu seria capaz de fazer com a minha escrita o estado vergonhoso em que se encontram vários troços da Rampa da Pena. Não estou a falar obviamente das condições do asfalto que está em bom estado mas dos espaços que lhe estão adjacentes. Muros derrubados, dezenas de árvores caídas, troncos abandonados e matas por limpar oferecem um espectáculo degradante aos milhares de visitantes que por ali passam em busca do encantamento e da magia da nossa serra, dos nossos parques e dos nossos monumentos. É por ali que passam todos os visitantes de um dos monumentos mais visitados do nosso país, o Palácio da Pena, eleito, como se sabe,  uma das sete maravilhas de Portugal. Não é nada agradável e em nada prestigia Sintra o estado de abandono em que se encontram algumas das quintas que bordejam a famosa e lindíssima Rampa da Pena. Esta situação que se arrasta já há demasiado tempo agravou-se com o temporal que se desabou sobre a serra no Inverno do ano passado e que o deste ano piorou ainda mais. Não sei a quem atribuir a responsabilidade por esta situação que nos envergonha a todos. Será à empresa Parques de Sintra Monte da Lua? Não creio. Será à Câmara Municipal de Sintra? Talvez em parte, Será aos proprietários dessas quintas e desses espaços, que negligenciam o seu património? Penso que sim. Que fazer então?

Não sou jurista mas julgo saber que existe legislação que permite à Câmara intervir quando o que está em causa é a defesa dos interesses e da imagem de Sintra e coloca em causa o  estatuto de Património Mundial da Humanidade na categoria de paisagem cultural que tão orgulhosamente aufere.. A situação em que se encontram essas propriedades coloca em sério risco a segurança do coberto florestal da nossa serra, dos edifícios e monumentos que ali existem por potenciar o risco de incêndio que a acontecer seria uma verdadeira tragédia.. Se os proprietários negligenciam o seu património, que é também património de Sintra, a Câmara tem a obrigação de agir e acionar todos os mecanismos legais que a legislação lhe permite para defender os interesses e prestígio de Sintra que é, repito, Património Mundial da Humanidade. Muito mais poderia ainda acrescentar mas cedo agora a palavra às fotografias que fiz muito recentemente e que são suficientemente elucidativas.


Guilherme Duarte

(Publicado no número de Junho de 2014 do jornal Cruz Alta)

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