PREÂMBULO

Deus quis fazer de Sintra um verdadeiro paraíso enquanto o homem parece empenhado em transformá-lo num inferno. À magia, ao misticismo, ao mistério, ao romantismo e à história gloriosa de Sintra contrapõe-se actualmente a incompetência, o desinteresse, o desleixo, o desrespeito, a ganância e o oportunismo de quem tem por missão defender esta terra única e maravilhosa que Lorde Byron um dia designou como um Éden Glorioso. Celebrada por grandes vultos da cultura mundial do passado, Sintra não pode ser agora desrespeitada pelos medíocres. O futuro de Sintra só pode ser projectado com um total e rigoroso respeito pelo seu passado e pelas sua características únicas. Sintra não é uma terra qualquer e por isso mesmo não pode ser governado por uma gente qualquer. Só os sintrenses por nascimento ou por adopção, podem defender convenientemente este pedaço de paraíso que Deus nos concedeu. Para servir Sintra é preciso amá-la, senti-la, e quem melhor que os sintrenses para o fazer?

A ruína alastra um pouco por toda a parte, as fontes calaram-se e já não nos embalam com o seu canto refrescante. É imperioso reverter esta situação. Eu sei que há sintrenses bem mais competentes do que eu para lutar por Sintra. Há muito que venho lutando dentro das fracas possibilidades de que disponho, mas nem a modéstia dos meus argumentos nem o brilhantismo dos argumentos de quem sabe e pode mais do que eu, têm merecido a atenção dos responsáveis autárquicos competentes. Só nos resta continuar fazer ouvir a nossa voz, os nossos protestos e a s nossas sugestões. Todos não somos demais para defender a nossa SINTRA.

sábado, 3 de maio de 2014

O CASINO DE SINTRA ( recuperação de um texto já com alguns meses)

O MUSEU DE ARTE MODERNA MORREU. VIVA O CASINO DE SINTRA.


“Le roi est mort. Vive le roi”. Esta conhecida expressão remonta ao longínquo ano de 1422 quando foi proferida no exacto momento em que o caixão do rei Charles VI descia ao túmulo na Catedral de Saint Denis, e o seu filho era proclamado de imediato o novo rei de França, subindo ao trono como Charles VII. A partir daí esta frase passou a ser proferida sempre que em França um rei era aclamado no preciso momento em que os restos mortais do seu antecessor desciam à sepultura. É do conhecimento geral, julgo eu, que que depois da retirada da colecção de arte do sr. Jo Berardo o reinado do Museu de Arte Moderna chegou ao fim. Morreu. Um novo reinado vai agora começar. Vai suceder-lhe um novo projecto cultural sob a égide da Sintra Quorum, um projecto que arranca no dia 2 de Novembro com a abertura da exposição entitulada “ DIS MANIBYS - Rituais da Morte Durante a Romanidade”, exposição essa que vai estar patente ao público de 2 de Novembro a 30 de Dezembro do presente ano. Este espaço que começou a ser construido em 1922 e foi inaugurado em 1924 destinava-se a promover a diversão e animação em Sintra, objectivo que foi inteiramente conseguido durante alguns anos em que deu brilho e “glamour” às noites sintrenses. Era o Casino, nome por que continuou a ser conhecido mesmo após o encerramento da sua actividade e utilizado para outros fins que nada tinham a ver com as intenções iniciais dos seus proprietários. Os sintrenses persertvaram até aos dias de hoje o nome original do edifício não o deixando cair no esquecimento. Essa teimosia da população deu os seus frutos porque o nome agora escolhido pelo executivo camarário para este edifício deixado livre pelo extinto Museu de Arte Moderna e que vai desenvolver um projecto mais abrangente que o anterior, foi precisamente o de “Casino de Sintra”. Parabéns aos sintrenses pela sua obstinação e parabéns também à Câmara Municipal de Sintra que soube sentir e respeitar os sentimentos da população. Por isso, inspirado na tal expressão francesa de 1422 e adaptando-a à esta nova realidade do nosso casino acompanho os sintrense nestre brado: “O Museu de Arte Moderna morreu. Viva o Casino de Sintra”. Que tenha um longo e brilhante reinado para prestígio desta terra linda de morrer que não se acomodou nas suas belezas naturais e na sua riqueza patrimonial mas que quis e foi capaz de conquistar, também o direito de ser considerada a capital permanente da cultura em Portugal.

Para o início do próximo ano está já programada uma nova exposição no âmbito do “Ano do Brasil em Portugal”  Segundo julgo saber estão a ser preparados, para o ano de 2013 vários eventos culturais. A Sintra Quorum parece ter grandes projectos para dinamizar o Casino de Sintra, tal como exposições internacionais de primeira linha e congressos de grandes dimensões até agora impossíveis de realizar em Sintra por falta des espaços adequados para os receber. Para que seja possível concretizar essa intenção parece também que a administração da Sintra Quorum pretende recuperar a ideia inicial de ligar o casino ao antigo Cine-Teatro Carlos Manuel hoje o Centro Cultural Olga Cadaval. Os dois edifícios estão preparados desde a sua construção para que essa ligação se possa se concretizar, o que a acontecer permitirá que ambos os espaços se complementem e ofereçam um maior e diversificado leque de opções culturais. Sintra só teria a lucrar com a concretização dessa ideia. Apostem no cumprimento desse sonho já tão antigo mas que nunca foi concretizado, talvez pelas várias utilizações que já foram dado ao casino, algumas delas em áreas que nada tinham a ver com a cultura nem com os objectivos que estiveram nos propósitos dos promotores da sua construção. .

A junção dos dois espaços irá, a concretizar-se, aumentar as suas valências e permitir que finalmente em Sintra haja um verdadeiro, amplo e completo centro cultural que não se limite a apresentar espectáculos musicais, peças de teatro e bailado, que são importantes ninguém pode negar, mas que abranja também várias outras áreas ligadas à cultura. O crescimento do Casino de Sintra está a ser preparado cuidadosamente pela Sintra Quorum. Compreende-se que terá de ser um crescimento lento, progressivo e feito de forma sustentada para que daqui a algum tempo não estejamos aqui de novo a clamar “O Casino de Sintra morreu. Viva o vazio” . Espero que isso não volte a acontecer porque Sintra não merece mais essa maldade. Que o  Casino de Sintra viva por muitos e muitos anos para prestigiar Sintra, servir os sintrenses e os visitantes e para promover a cultura. Tem a palavra a Sintra Quorum.
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Guilherme Duarte  

(Artigo publicado no jornal Cruz Alta há meses atrás) 




Comentário do Dr. João Cahado no Facebook a propósito deste texto:


O Casino de Sintra,
achega de grande calibre



A propósito do Casino de Sintra, a edição de Novembro do ‘Cruz Alta’ inclui um artigo do maior interesse, assinado por Guilherme Duarte, uma das mais conhecidas e autorizadas vozes da comunidade que, ao serviço de Sintra, dos seus valores e dos seus interesses não cessa de nos surpreender com inestimáveis contributos. 

Naturalmente, com a sua autorização, passo a transcrever o texto em referência que, como sabem, vem ao encontro do que subscrevi, acerca do mesmo assunto e, subordinado ao título “Casino, casino e ponto final”, publicado no ‘Jornal de Sintra’, no meu mural do facebook e no blogue sintradoavesso. 

Naturalmente, não posso estar mais de acordo com esta peça do acervo escrito que se vai acumulando, suscitado pela oportuna proposta do Presidente da Câmara Municipal no sentido de oficializar em Sintra a designação CASINO que, afinal, anda na boca dos sintrenses há quase noventa anos. Eis a transcrição.

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