PREÂMBULO

Deus quis fazer de Sintra um verdadeiro paraíso enquanto o homem parece empenhado em transformá-lo num inferno. À magia, ao misticismo, ao mistério, ao romantismo e à história gloriosa de Sintra contrapõe-se actualmente a incompetência, o desinteresse, o desleixo, o desrespeito, a ganância e o oportunismo de quem tem por missão defender esta terra única e maravilhosa que Lorde Byron um dia designou como um Éden Glorioso. Celebrada por grandes vultos da cultura mundial do passado, Sintra não pode ser agora desrespeitada pelos medíocres. O futuro de Sintra só pode ser projectado com um total e rigoroso respeito pelo seu passado e pelas sua características únicas. Sintra não é uma terra qualquer e por isso mesmo não pode ser governado por uma gente qualquer. Só os sintrenses por nascimento ou por adopção, podem defender convenientemente este pedaço de paraíso que Deus nos concedeu. Para servir Sintra é preciso amá-la, senti-la, e quem melhor que os sintrenses para o fazer?

A ruína alastra um pouco por toda a parte, as fontes calaram-se e já não nos embalam com o seu canto refrescante. É imperioso reverter esta situação. Eu sei que há sintrenses bem mais competentes do que eu para lutar por Sintra. Há muito que venho lutando dentro das fracas possibilidades de que disponho, mas nem a modéstia dos meus argumentos nem o brilhantismo dos argumentos de quem sabe e pode mais do que eu, têm merecido a atenção dos responsáveis autárquicos competentes. Só nos resta continuar fazer ouvir a nossa voz, os nossos protestos e a s nossas sugestões. Todos não somos demais para defender a nossa SINTRA.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A AV.ª HELIODORO SALGADO UMA VEZ MAIS

A Av.ª Heliodoro Salgado, na Estefânia, tem sido na última década e meia um dos maiores motivos de polémica da vila de Sintra. A transformação de um troço dessa avenida numa zona exclusivamente pedonal dividiu a opinião pública e provocou o descontentamento da maior parte dos comerciantes estabelecidos nessa rua. Confesso que eu fui um dos que aplaudiu essa decisão. Sou um adepto de ruas destinadas apenas aos peões onde estes possam circular tranquilamente sem o incómodo do trânsito rodoviário, sem preocupações de segurança e sem o perigo de um possível atropelamento. Por norma essas ruas são benéficas para o comércio e oferecem paralelamente agradáveis locais de lazer com as esplanadas que existem em quase todas elas. Não havia motivo para pensar que em Sintra seria diferente. Terá sido essa a ideia do executivo camarário da altura, que chegou mesmo a anunciar a intenção de transformar essa via num centro comercial ao ar livre. Pensaram os edis sintrenses, pensei eu e pensaram também muitos sintrenses, mas pensámos mal. A verdade é que o comércio na Heliodoro Salgado ao longo destes anos foi definhando, os estabelecimentos foram fechando as portas e não fora as lojas dos chineses que por ali abundam actualmente e mais de metade deles estariam hoje encerrados.

Ao longo destes últimos anos o descontentamento da população em relação à zona pedonal tem vindo a crescer à medida que os acidentes e os sobressaltos se têm vindo a acumular. A situação é grave e merece ser analisada quer para detectar os motivos que estão na origem do fracasso desta iniciativa quer para estudar soluções que dinamizem essa zona e tornando-la mais segura e mais apetecível. Segundo julgo saber existe, ou existiu recentemente, uma comissão constituída por pessoas competentes e habilitadas para proceder a esse estudo. Esperemos que apresentadas as conclusões desse trabalho não sejam pura e simplesmente ignoradas por quem tem o poder de decisão como tantas vezes acontece com os trabalhos apresentados por este tipo de comissões nas mais variadas áreas.

Recentemente esta polémica intensificou-se e voltou a estar na ordem do dia depois do atropelamento de um peão que por ali circulava e que, pela informação que tenho, necessitou de receber cuidados hospitalares. Há muito que se adivinhava que mais tarde ou mais cedo algo de grave ali poderia vir a acontecer. Já por várias vezes denunciei aqui a permissividade das autoridades perante os abusos de alguns, (demasiados), condutores que por ali circulam indevidamente e transformam aquela artéria num parque de estacionamento automóvel. Como consequência deste movimento quase constante de automóveis em plena zona pedonal o piso tem-se vindo a deteriorar. As lajes de granito que pavimentam a rua estão muitas delas partidas ou soltas e têm sido as causadores de inúmeras quedas de pessoas que por ali circulam, principalmente as pessoas mais idosas. 

É urgente repensar que futuro se pretende para a Av.ª Heliodoro Salgado. Se a intenção for a de a manter como uma área pedonal então que ela seja exclusivamente destinada ao usufruto dos peões e se retire de uma vez por todas todos os veículos que por ali circulam e estacionam impunemente. A segurança das pessoas deve ser uma prioridade.

Guilherme Duarte

(Texto publicado no jornal Cruz Alta há poucos meses)

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