A Av.ª Heliodoro Salgado, na
Estefânia, tem sido na última década e meia um dos maiores motivos de polémica
da vila de Sintra. A transformação de um troço dessa avenida numa zona
exclusivamente pedonal dividiu a opinião pública e provocou o descontentamento
da maior parte dos comerciantes estabelecidos nessa rua. Confesso que eu fui um
dos que aplaudiu essa decisão. Sou um adepto de ruas destinadas apenas aos
peões onde estes possam circular tranquilamente sem o incómodo do trânsito
rodoviário, sem preocupações de segurança e sem o perigo de um possível
atropelamento. Por norma essas ruas são benéficas para o comércio e oferecem paralelamente
agradáveis locais de lazer com as esplanadas que existem em quase todas elas.
Não havia motivo para pensar que em Sintra seria diferente. Terá sido essa a
ideia do executivo camarário da altura, que chegou mesmo a anunciar a intenção
de transformar essa via num centro comercial ao ar livre. Pensaram os edis
sintrenses, pensei eu e pensaram também muitos sintrenses, mas pensámos mal. A
verdade é que o comércio na Heliodoro Salgado ao longo destes anos foi
definhando, os estabelecimentos foram fechando as portas e não fora as lojas
dos chineses que por ali abundam actualmente e mais de metade deles estariam
hoje encerrados.
Ao longo destes últimos anos
o descontentamento da população em relação à zona pedonal tem vindo a crescer à
medida que os acidentes e os sobressaltos se têm vindo a acumular. A situação é
grave e merece ser analisada quer para detectar os motivos que estão na origem
do fracasso desta iniciativa quer para estudar soluções que dinamizem essa zona
e tornando-la mais segura e mais apetecível. Segundo julgo saber existe, ou
existiu recentemente, uma comissão constituída por pessoas competentes e
habilitadas para proceder a esse estudo. Esperemos que apresentadas as
conclusões desse trabalho não sejam pura e simplesmente ignoradas por quem tem
o poder de decisão como tantas vezes acontece com os trabalhos apresentados por
este tipo de comissões nas mais variadas áreas.
Recentemente esta polémica intensificou-se
e voltou a estar na ordem do dia depois do atropelamento de um peão que por ali
circulava e que, pela informação que tenho, necessitou de receber cuidados
hospitalares. Há muito que se adivinhava que mais tarde ou mais cedo algo de
grave ali poderia vir a acontecer. Já por várias vezes denunciei aqui a
permissividade das autoridades perante os abusos de alguns, (demasiados),
condutores que por ali circulam indevidamente e transformam aquela artéria num
parque de estacionamento automóvel. Como consequência deste movimento quase
constante de automóveis em plena zona pedonal o piso tem-se vindo a deteriorar.
As lajes de granito que pavimentam a rua estão muitas delas partidas ou soltas
e têm sido as causadores de inúmeras quedas de pessoas que por ali circulam, principalmente
as pessoas mais idosas.
É urgente repensar que futuro
se pretende para a Av.ª Heliodoro Salgado. Se a intenção for a de a manter como
uma área pedonal então que ela seja exclusivamente destinada ao usufruto dos
peões e se retire de uma vez por todas todos os veículos que por ali circulam e
estacionam impunemente. A segurança das pessoas deve ser uma prioridade.
Guilherme Duarte
(Texto publicado no jornal Cruz Alta há poucos meses)
(Texto publicado no jornal Cruz Alta há poucos meses)
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