PREÂMBULO

Deus quis fazer de Sintra um verdadeiro paraíso enquanto o homem parece empenhado em transformá-lo num inferno. À magia, ao misticismo, ao mistério, ao romantismo e à história gloriosa de Sintra contrapõe-se actualmente a incompetência, o desinteresse, o desleixo, o desrespeito, a ganância e o oportunismo de quem tem por missão defender esta terra única e maravilhosa que Lorde Byron um dia designou como um Éden Glorioso. Celebrada por grandes vultos da cultura mundial do passado, Sintra não pode ser agora desrespeitada pelos medíocres. O futuro de Sintra só pode ser projectado com um total e rigoroso respeito pelo seu passado e pelas sua características únicas. Sintra não é uma terra qualquer e por isso mesmo não pode ser governado por uma gente qualquer. Só os sintrenses por nascimento ou por adopção, podem defender convenientemente este pedaço de paraíso que Deus nos concedeu. Para servir Sintra é preciso amá-la, senti-la, e quem melhor que os sintrenses para o fazer?

A ruína alastra um pouco por toda a parte, as fontes calaram-se e já não nos embalam com o seu canto refrescante. É imperioso reverter esta situação. Eu sei que há sintrenses bem mais competentes do que eu para lutar por Sintra. Há muito que venho lutando dentro das fracas possibilidades de que disponho, mas nem a modéstia dos meus argumentos nem o brilhantismo dos argumentos de quem sabe e pode mais do que eu, têm merecido a atenção dos responsáveis autárquicos competentes. Só nos resta continuar fazer ouvir a nossa voz, os nossos protestos e a s nossas sugestões. Todos não somos demais para defender a nossa SINTRA.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

UMA SINTRENSE PREOCUPADA E INTERVENTIVA

                                          
“Ex. Sr.
Por ter nascido na vila velha em Sintra há 64 anos e porque toda a vida aqui vivi tenho pena que a minha terra não seja bem aproveitada para o turismo, visto que quase não há moradores. Tenho muita pena que o Sr. Presidente da Câmara não olhe para isto. O senhor não faz ideia das pessoas que não vêm a Sintra almoçar só porque não têm onde estacionar e também o número de pessoas que chegam aqui e se vão embora. É preciso pensar nisto. O Sr. Presidente deve pensar nesta realidade. O Sr. Presidente deve fazer ideia disto que está a acontecer mas pelos vistos não está preocupado nem interessado Vi o artigo Foto-Comentário e resolvi enviar umas fotografias tiradas por mim

Com os meus cumprimentos

(Carta assinada por uma leitora identificada)

Recebi recentemente esta carta que me foi endereçada por uma leitora do nosso jornal, carta essa que apesar de eu não a subscrever na sua totalidade por ter uma visão um pouco diferente das soluções que a leitora preconiza para Sintra resolvi publicá-la, devidamente autorizado pela autora. A carta veio acompanhada por algumas fotografias de edifícios deteriorados ou recentemente recuperados mas ainda sem utilização e com as sugestões que a nossa leitora advoga para um aproveitamento futuro de cada um desses edifícios. Com a publicação desta carta pretendo apenas incentivar os nossos leitores e os sintrenses em geral para, com as suas ideias, tentarem ajudar os nossos autarcas a estarem mais atento aos problemas da nossa terra e mais activos e diligentes na sua rápida resolução. Isto porque todos não somos demais para defender Sintra.

Sinceramente, não acredito que o Sr. Presidente da Câmara conheça os problemas que afligem a nossa terra e não esteja preocupado nem interessado em solucioná-los. A nossa leitora é natural de Sintra, na Vila Velha, ama a terra onde nasceu e decidiu não ficar calada e quieta no seu cantinho, acomodada e sem nada fazer. Achou que tinha o dever cívico de intervir e divulgar as suas opiniões. Resolveu fazê-lo publicamente através do nosso jornal e não seremos nós que lhe iremos negar esse direito mesmo que tenhamos algumas divergências de opinião. É de louvar que os sintrenses sejam críticos, participativos e imaginativos em tudo o que refere à sua terra sempre numa perspectiva construtiva com a intenção de fazer de Sintra uma terra cada vez mais bonita, mais limpa e ainda mais atractiva. Nem sempre teremos razão nas nossas criticas nem nas soluções que preconizamos mas fazemo-lo de boa-fé sem qualquer outra intenção que não seja tentarmos contribuir construtivamente para identificar e ajudar a solucionar os problemas que desprestigiam Sintra, prejudicam os seus habitantes e contribuem para dar aos visitantes uma imagem negativa da nossa terra. Chama-se a isto exercício de cidadania e é apenas nesta prespectiva que as críticas devem ser entendidas. É assim que deve ser encarada também a carta desta nossa leitora. E nada mais do que isso.

Para o antigo hotel Netto que se encontra num inconcebível estado de degradação e abandono em pleno centro histórico, paredes meias com o palácio nacional. a nossa leitora sugere que seja aproveitado para construir ali um espaço para estacionamento de automóveis nos cinco pisos de que dispõe.. Pessoalmente discordo desta solução, primeiro porque existe um projecto para a requalificação deste edifício histórico para o transformar num hostel vocacionado principalmente à juventude e em segundo lugar porque esse edifício não tem as menores condições para essa utilização e a ideia que existe é de no futuro limitar o acesso de veículos automóveis ao centro histórico de Sintra. A PSML já tinha acordado a compra do edifício com os proprietários, tinha assegurado o financiamento para a concretização da obra quando o actual executivo camarário inviabilizou o negócio exercendo o direito de opção que detinha na compra do antigo hotel. O resultado está à vista, passou um ano e tudo continua na mesma. Com a PSML de certeza que as obras de requalificação estariam já bem adiantadas. Até quando aquela mancha irá continuar a “emporcalhar” o centro histórico de Sintra?

A nossa leitora identificou ainda o antigo hospital de Sintra antiga casa de protecção às raparigas no Arrabalde. o antigo Sintra-Cinema, a lixeira em que se tornou o Vale da Raposa junto à muralha da Correnteza, e os edifícios em ruínas no antigo Casal Amélia na Portela de Sintra. Poderia falar de muitos mais casos análogos que se encontram um pouco por toda a vila de Sintra que são provas evidentes da situação de desleixo em que Sintra se deixou cair para desprestigio da nossa terra e vergonha de todos nós.
Esta carta serve de preâmbulo para o próximo Foto-Comentário em que irei abordar precisamente esta cultura do desleixo que se instalou há muitos anos em Sintra perante a passividade da autarquia e desinteresse de muitos dos proprietários do património edificado e florestal sintrense. É um tema que dá pano para mangas sobre o qual me debruçarei em breve.


Guilherme Duarte


(Artigo publicado no nº 125 do jornal Cruz Alta, referente ao mês de Maio de 2015)

quarta-feira, 25 de março de 2015

A RAMPA DA PENA

                        
Costuma dizer-se e muito acertadamente que uma imagem vale mais do que mil palavras. Este mês vou deixar que sejam as imagens a falar por si porque elas retratam muito melhor do que eu seria capaz de fazer com a minha escrita o estado vergonhoso em que se encontram vários troços da Rampa da Pena. Não estou a falar obviamente das condições do asfalto que está em bom estado mas dos espaços que lhe estão adjacentes. Muros derrubados, dezenas de árvores caídas, troncos abandonados e matas por limpar oferecem um espectáculo degradante aos milhares de visitantes que por ali passam em busca do encantamento e da magia da nossa serra, dos nossos parques e dos nossos monumentos. É por ali que passam todos os visitantes de um dos monumentos mais visitados do nosso país, o Palácio da Pena, eleito, como se sabe,  uma das sete maravilhas de Portugal. Não é nada agradável e em nada prestigia Sintra o estado de abandono em que se encontram algumas das quintas que bordejam a famosa e lindíssima Rampa da Pena. Esta situação que se arrasta já há demasiado tempo agravou-se com o temporal que se desabou sobre a serra no Inverno do ano passado e que o deste ano piorou ainda mais. Não sei a quem atribuir a responsabilidade por esta situação que nos envergonha a todos. Será à empresa Parques de Sintra Monte da Lua? Não creio. Será à Câmara Municipal de Sintra? Talvez em parte, Será aos proprietários dessas quintas e desses espaços, que negligenciam o seu património? Penso que sim. Que fazer então?

Não sou jurista mas julgo saber que existe legislação que permite à Câmara intervir quando o que está em causa é a defesa dos interesses e da imagem de Sintra e coloca em causa o  estatuto de Património Mundial da Humanidade na categoria de paisagem cultural que tão orgulhosamente aufere.. A situação em que se encontram essas propriedades coloca em sério risco a segurança do coberto florestal da nossa serra, dos edifícios e monumentos que ali existem por potenciar o risco de incêndio que a acontecer seria uma verdadeira tragédia.. Se os proprietários negligenciam o seu património, que é também património de Sintra, a Câmara tem a obrigação de agir e acionar todos os mecanismos legais que a legislação lhe permite para defender os interesses e prestígio de Sintra que é, repito, Património Mundial da Humanidade. Muito mais poderia ainda acrescentar mas cedo agora a palavra às fotografias que fiz muito recentemente e que são suficientemente elucidativas.


Guilherme Duarte

(Publicado no número de Junho de 2014 do jornal Cruz Alta)

sábado, 28 de fevereiro de 2015

O PARQUE INFANTIL DA PORTELA DE SINTRA


O parque infantil Dr. Baptista Cambournac na Portela de Sintra já foi em tempos ainda recentes um local cheio de vida e de alegria emprestadas pelas várias dezenas de crianças de todas as idades que diariamente ali se deslocavam para brincarem e se divertirem nos baloiços, nos escorregas e nos outros equipamentos que ali estavam disponíveis. Esse parque está agora praticamente deserto e se não está totalmente abandonado encontra-se em estado de progressiva degradação. Durante anos a manutenção desse espaço de diversão para as crianças esteve a cargo da Junta de Freguesia de Sintra, (Santa Maria e S. Miguel) que o manteve sempre bem cuidado e funcional. Não sei até que ponto o facto da infeliz união das três freguesias de Sintra numa só, não terá culpas no actual estado de desleixo em que se encontra o parque. Não estou com isto a criticar os autarcas da União de Freguesias de Sintra mas questiono-me se a enorme extensão do território abrangido pela nova Freguesia não terá responsabilidade nesta situação e talvez noutras situações semelhantes que exigem uma atenção permanente para que qualquer anomalia que se registe seja rapidamente solucionada.
Segundo informações que me chegaram ao conhecimento o encerramento da área dos baloiços do parque infantil da Portela deve-se ao facto de as raízes de uma árvore de grande porte que se encontra no meio desse espaço terem levantado o piso o que, para além de danificar os equipamentos constitui também um perigo para as crianças. O que não se entende é a demora inaceitável na resolução do problema. Um ano é tempo demasiado para devolver o jardim ao usufruto da miudagem. Ao que julgo saber as hipóteses que estarão a ser consideradas para resolver o problema passam pelo corte da árvore, o que sinceramente não gostaria que acontecesse e que só seria eficaz se fossem arrancadas todas as raízes, ou por elevar a altura do piso e nivelá-lo uns centímetros mais acima. Há ainda quem sugira a mudança dos baloiços e dos outros equipamentos para outro local do parque. A minha opinião, que vale aquilo que vale, vai no sentido de manter a árvore tal como está e considerar a deslocação dessa área de diversão dedicada aos mais pequenos para outro local do parque, por exemplo no espaço onde em tempos alguém teve a péssima ideia de colocar rampas de skate e que agora se encontra livre. A autarquia terá por certo pessoas competentes para analisar e decidir qual a melhor solução para recuperar aquele espaço e devolvê-lo às crianças o mais rapidamente possível. Elas merecem esse esforço.
É urgente recuperar o jardim infantil Dr. Baptista Cambournac e mantê-lo cuidado para que que possa ser devolvido às crianças de Sintra para que possam ali brincar em segurança sob a vigilância dos pais ou avós que também ali passavam momentos bem agradáveis.

Guilherme Duarte

Artigo publicado no jornal Cruz Alta edição nº 123 referente a Março de 2015

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

SEMPRE EM DEFESA DE SINTRA

                                                     
                                 
                      
Sintra tem o condão de encantar e despertar paixões não só a quem cá nasceu ou a quem a escolheu para habitar mas também a todos que a visitam. A magia e o mistério que estão presentes em cada recanto deste verdadeiro paraíso com que Deus presenteou este cantinho de Portugal não deixam ninguém indiferente. São inúmeros os testemunhos de grandes vultos da cultura mundial que ao longo dos séculos visitaram esta terra de sonho e fizeram questão de manifestar publicamente todo o encantamento que aqui encontraram.
Obra de Deus, que o homem mais tarde enriqueceu com a sua arte e criatividade, Sintra tornou-se num dos lugares mais fascinantes e encantadores do mundo. Infelizmente o homem que no passado teve a arte e o engenho para valorizar ainda mais a beleza natural de Sintra tornando-a ainda mais bonita e atractiva, actualmente parece estar mais interessado em destruí-la. Há demasiadas pessoas que não parecem estar muito interessados em respeitar a sua história e a especificidade muito própria desta terra. Há vários interesses direccionados para Sintra mas que em pouco ou nada têm a ver com os interesses de Sintra que lamentavelmente há muito que tem vindo a ser demasiado maltratada por quem tem a obrigação de a defender e preparar o futuro com total respeito pelo passado. Há uma cultura de desleixo que se foi instalando com o decorrer dos anos com os resultados que se conhecem. Os atentados urbanísticos fizeram nascer e crescer bairros gigantescos onde a qualidade de vida dos moradores está muito aquém daquilo que seria exigível. Aconselho a quem tem fotografias antigas tiradas do alto da serra sobre a vastidão da planície verde que se estendia a seus pés e as compare com fotografias actuais tiradas agora do mesmo local com a mesma perspectiva  vejam a diferença. Chega a ser assustador. Há ruínas um pouco por toda a Sintra. Edifícios e quintas abandonadas são nódoas que mancham a nossa terra. O comércio é incipiente e pouco ou nada apelativo para os clientes e estas são apenas algumas das chagas que desprestigiam a terra que em tempos Lorde Byron classificou como “A Glourious Eden”.

Se é verdade que Sintra tem sido bastante maltratada por quem teve, e tem, a obrigação de a defender também verdade que nem todos os sintrenses estimam a sua terra como têm a obrigação de o fazer. Felizmente que há ainda muita gente que ama esta terra mágica, que cultiva a paixão por ela e que tudo faz para a defender do desleixo que a invadiu, do desrespeito pela sua história, pela sua incomparável beleza e pela descaracterização de um pedaço de paraíso que a Unesco classificou como património mundial da humanidade, uma distinção que em vez de encher de orgulho todos os sintrenses parece que alguns a consideram como um empecilho à concretização de alguns projectos polémicos que poderão ser do interesse de alguns mas que não serão certamente do interesse de Sintra.Não foi no entanto para falar do passado que me decidi a escrever este artigo, mas sim para falar do futuro e enaltecer o sentido cívico de tantos sintrenses que não desistem de lutar pela defesa da sua terra ou da terra que escolheram para morar, particularmente para saudar uma nova associação que foi criada recentemente para colaborar com a autarquia na procura de soluções viáveis e indispensáveis para a eliminação dos males de que Sintra enferma e sugerir medidas para que esta terra paradisíaca não se transforme num verdadeiro inferno como por vezes já acontece. Saudamos com entusiasmo a criação da CANAFERRIM - Associação Cívica e Cultural e aplaudimos o notável trabalho já feito em tão pouco espaço de tempo. São grandes os desafios que este grupo de sintrenses tem pela frente mas conhecendo como conheço a maioria dos seus membros e a paixão que têm por Sintra não tenho a menor dúvida que do seu trabalho algo de muito útil resultará para resolver muitos dos problemas da nossa terra. Assim os responsáveis autárquicos os saibam ouvir e tenham a humildade de reconhecer e aceitar as propostas válidas e exequíveis que eles certamente apresentarão. Conheço alguns dos problemas que têm entre mãos, conheço as soluções que preconizam e sei que Sintra só terá a lucrar se elas forem ouvidas, estudadas e adoptadas. Infelizmente não será um trabalho fácil que produza resultados imediatos. Costuma dizer-se que Roma e Pavia não se fizeram num dia. Temos que ser pacientes porque a maioria dos casos em estudo, são complexos e não se resolvem com uma varinha do condão, mas com muito trabalho, muita competência e muita persistência também. Já se perdeu tempo de mais mas disso a CANAFERRIM não tem culpa absolutamente nenhuma.

Recentemente voltou a falar-se da construção de um teleférico em Sintra. Desde garoto que ouço falar desse teleférico ideia que o Jornal de Sintra pela pena de António Medina Júnior quando em vez recuperava mas creio que nunca ninguém levou muito a sério a viabilidade da sua construção. Alguém se lembrou dele agora de novo e ao que li, se é que entendi bem, até já existe quem esteja disposto a financiar a obra. A Canaferrim, pelo contrário, defende outra solução, a construção de um funicular que faça a ligação entre um parque de estacionamento no Ramalhão e o alto da serra de onde, por motivos ambientais, se pretende retirar o trânsito automóvel.  Este é um dos muitos assuntos que a Canaferrim tem entre mãos e tenho total confiança no trabalho e na competência das pessoas que integram esta associação. Sintra precisa de pessoas assim.


Guilherme Duarte 

(Publicado na edição de Fevº de 2015 do jornal "Cruz Alta")

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O BAIRRO DA ESTEFÂNIA

              
HÁ MEIO SÉCULO ATRÁS

“Sintra – A Sala de Visitas de Portugal”. Era assim, com esta frase, que, há meio século atrás, a antiga Comissão de Turismo de Sintra promovia, nacional e internacionalmente, a nossa terra como destino turístico de excelência. Sintra era nesse tempo, tal como é ainda hoje, um destino de eleição, quer para o turista estrangeiro que nos visita, quer para o português que gosta de viajar no seu país. Sintra era, e é inquestionavelmente, a mais bela sala de visitas de Portugal. Mas os tempos mudam, mudam as vontades e consequentemente mudam também as realidades, e nem sempre essa mudança é benéfica. Em Sintra não o foi…infelizmente. 

O que foi então que mudou em Sintra? Que diferença existe entre a Sintra de há 50 anos atrás e a Sintra dos nossos dias? A sala de visitas? Claro que não, porque essa continua a ser linda, embora a “mobília” apresente já graves sinais de degradação provocada pelo tempo e pelo desleixo. O que mudou então? Mudou a antecamera que, antigamente, sem o luxo da sala de visitas, mas com sobriedade e a dignidade que a magnificência do salão principal obrigava,  era uma entrada simpática onde os visitantes eram recebidos com fidalguia antes de se lhes escancarar as portas para o deslumbramento. Bairro simples, sem monumentos e sem o passado histórico da Vila Velha, o Bairro da Estefânia, de edificação mais recente, encantava pela beleza de algumas das suas moradias e palacetes e pelos pequenos prédios de arquitectura singela mas harmoniosa, então cuidadosamente limpos e bem conservados, Era agradável ver os pequenos parques e jardins, também eles bem cuidados, e os gradeamentos de ferro que ali abundavam e que lhe eram característicos. Os eléctricos a “chiar” nos carris e as fumegantes locomotivas a vapor, a fumegar, atreladas às velhinhas carruagens do princípio do século passado emprestavam-lhe tipicismo e colorido. A Estefânia nessa época tinha côr, tinha vida, tinha encanto e fazia sentir já, por antecipação, aquele romantismo que ao longo de séculos tem inspirado tantos poetas, romancistas, músicos e pintores.

 A grandiosidade do Monte da Lua coroado, lá bem no alto, pelas muralhas do castelo, o Paço Real ali a dois passos, encimado pelas chaminés gigantescas a imporem-se ao casario do velho burgo e o cenário luxuriante do Vale da Raposa, contribuíam para oferecer ao turista, logo à entrada, o clima romântico que ele aqui procurava e eram decisivos para fazer da Estefânia dessa época, uma digna antecâmera de uma esplêndida e luxuosa sala de visitas. Mas se a serra, o palácio e o Vale da Raposa ainda lá estão práticamente inalteráveis porque é que a antecamera perdeu a dignidade? Respondo com outra pergunta, será que uma sala mesmo que ostente nas suas paredes belos quadros, se tiver a mobília a cair aos bocados consegue fascinar alguém? Penso que não.  

50 ANOS DEPOIS

Hoje o Bairro da Estefânia está longe do esplendor do passado. Em nome do progresso fizeram-se alterações que, longe de o beneficiar, contribuíram antes para a sua descaracterização. Destruiu-se a pequena rotunda que existia no Largo Afonso de Albuquerque onde se destacava um interessante candeeiro da época; foi destruído ainda um outro espaço ajardinado que dividia as duas faixas de rodagem entre o Largo e a Correnteza, onde estava instalado o chafariz dos peixes, hoje colocado junto do edifício da PT. Os gradeamentos e jardins desapareceram, os edifícios deterioraram-se, as lojas encerraram, o eléctrico deixou de circular e a Correnteza ficou menos atractiva sem muitos dos bancos que ali havia, sem os  arcos de ferro e sem as roseiras que os enfeitavam. Hoje a Estefânia está muito longe de ser aquela antecâmera digna da mais bela sala de visitas de Portugal, para ser apenas um bairro decadente, em ruínas, feio e sujo, que decepciona o turista mais tolerante e envergonha os sintrenses que nada podem fazer para inverter esta situação. Mas será que não podem mesmo?
Quem entrar hoje em Sintra pela porta da Estefânia certamente que se sentirá  desiludido e frustrado, senão mesmo arrependido por aqui ter vindo, ao deparar com tanto desleixo e tanta degradação. É compreensível que, após as primeiras impressões, receie ter sido enganado pela propaganda turística que lhe fez crer que Sintra seria um dos mais belos locais do mundo, e afinal não passa de uma vila decadente e arruinada. Esta é de certeza a primeira impressão que Sintra causa ao visitante, e acreditem que as primeiras impressões são importantíssimas porque preparam o estado de espírito com que ele irá encarar o que vem a seguir. Infelizmente em Sintra a margem de tolerância esgota-se logo à entrada.  A Estefânia, tal como está é uma verdadeira vergonha que desprestigia os autarcas, os proprietários dos imóveis e os sintrenses.

Uma requalificação falhada na sua primeira fase, uma segunda fase mais conseguida, um ou outro prédio recuperado é tudo aquilo que até agora tem sido feito para inverter a situação. É pouco, muito pouco. É urgente uma intervenção de fundo em toda esta zona, modernizando-a sem a descaracterizar. É imperioso recuperar todos os edifícios deteriorados, revitalizar e modernizar o comércio, levar de novo o eléctrico até à estação da CP, ou mesmo à Vila Velha, porque não? É urgente a construção de um grande parque subterrâneo na Portela de Sintra, com ligação inferior à Estefânia e repensar um novo figurino para a Heliodoro Salgado, que,na minha opinião, se deve manter como zona pedonal atravessada apenas pela linha do eléctrico. Já pensaram como seria muito mais fácil retirar uma boa parte do trânsito da Vila Velha se os visitantes que estacionassem na Portela tivessem um acesso fácil ao eléctrico que os levasse até ao Centro Histórico?

O Bairro da Estefânia não pode esperar mais tempo para recuperar a beleza de outrora. É verdade que os tempos são outros e as realidades também o são e é impensável que tudo volte a ser igual ao que já foi. O que se pretende agora é que se devolva a esta zona a dignidade que já teve, e torná-la numa antecâmera decente de uma sala de visitas que, apesar de tudo, continua muito bela. Senhores autarcas e senhores proprietários sentem-se e conversem. Conjuguem esforços para encontrar uma solução aceitável para todos, é que, acreditem, é possível fazerem-se negócios lucrativos para ambas as partes, desde que uma delas não queira o lucro todo para si. Trata-se de um assunto de inegável interesse público e há certamente meios legais ao dispor da autarquia para promover a recuperação dos edifícios em ruínas. Mas era mais bonito que as obras fossem feitas de comum acordo. Que fique claro que não estou a sugerir a espolição do património aos seus legítimos donos, mas a apelar ao diálogo e à conjugação de vontades para que seja encontrada rapidamente uma solução para terminar de vez com a vergonha em que a Estefânia se transformou. Todos teremos a ganhar com isso…até os proprietários. Ou será que terá passado pela cabeça de alguém a ideia de inundar a Estefânia com betão? É verdade que já aqui se fez muito disparate, mas não acredito que se chegue a tanto.   
Permitam-me que faça duas perguntas muito directas: senhores autarcas estão satisfeitos com  o actual estado da Estefânia? E os senhores proprietários, gostam de ver o vosso património em ruínas a desprestigiar-vos e a envergonhar a nossa terra? Acredito que não gostem. Então porque esperam? Sentem-se á mesa, discutam, mas cheguem a um entendimento rápido, que seja do agrado de todas as partes e que beneficie Sintra. Afinal é isso que todos nós queremos… ou não é?


Guilherme Duarte

(Artigo publicado há tempos no jornal Cruz Alta mas que infelizmente se mantém actual). 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A AV.ª HELIODORO SALGADO UMA VEZ MAIS

A Av.ª Heliodoro Salgado, na Estefânia, tem sido na última década e meia um dos maiores motivos de polémica da vila de Sintra. A transformação de um troço dessa avenida numa zona exclusivamente pedonal dividiu a opinião pública e provocou o descontentamento da maior parte dos comerciantes estabelecidos nessa rua. Confesso que eu fui um dos que aplaudiu essa decisão. Sou um adepto de ruas destinadas apenas aos peões onde estes possam circular tranquilamente sem o incómodo do trânsito rodoviário, sem preocupações de segurança e sem o perigo de um possível atropelamento. Por norma essas ruas são benéficas para o comércio e oferecem paralelamente agradáveis locais de lazer com as esplanadas que existem em quase todas elas. Não havia motivo para pensar que em Sintra seria diferente. Terá sido essa a ideia do executivo camarário da altura, que chegou mesmo a anunciar a intenção de transformar essa via num centro comercial ao ar livre. Pensaram os edis sintrenses, pensei eu e pensaram também muitos sintrenses, mas pensámos mal. A verdade é que o comércio na Heliodoro Salgado ao longo destes anos foi definhando, os estabelecimentos foram fechando as portas e não fora as lojas dos chineses que por ali abundam actualmente e mais de metade deles estariam hoje encerrados.

Ao longo destes últimos anos o descontentamento da população em relação à zona pedonal tem vindo a crescer à medida que os acidentes e os sobressaltos se têm vindo a acumular. A situação é grave e merece ser analisada quer para detectar os motivos que estão na origem do fracasso desta iniciativa quer para estudar soluções que dinamizem essa zona e tornando-la mais segura e mais apetecível. Segundo julgo saber existe, ou existiu recentemente, uma comissão constituída por pessoas competentes e habilitadas para proceder a esse estudo. Esperemos que apresentadas as conclusões desse trabalho não sejam pura e simplesmente ignoradas por quem tem o poder de decisão como tantas vezes acontece com os trabalhos apresentados por este tipo de comissões nas mais variadas áreas.

Recentemente esta polémica intensificou-se e voltou a estar na ordem do dia depois do atropelamento de um peão que por ali circulava e que, pela informação que tenho, necessitou de receber cuidados hospitalares. Há muito que se adivinhava que mais tarde ou mais cedo algo de grave ali poderia vir a acontecer. Já por várias vezes denunciei aqui a permissividade das autoridades perante os abusos de alguns, (demasiados), condutores que por ali circulam indevidamente e transformam aquela artéria num parque de estacionamento automóvel. Como consequência deste movimento quase constante de automóveis em plena zona pedonal o piso tem-se vindo a deteriorar. As lajes de granito que pavimentam a rua estão muitas delas partidas ou soltas e têm sido as causadores de inúmeras quedas de pessoas que por ali circulam, principalmente as pessoas mais idosas. 

É urgente repensar que futuro se pretende para a Av.ª Heliodoro Salgado. Se a intenção for a de a manter como uma área pedonal então que ela seja exclusivamente destinada ao usufruto dos peões e se retire de uma vez por todas todos os veículos que por ali circulam e estacionam impunemente. A segurança das pessoas deve ser uma prioridade.

Guilherme Duarte

(Texto publicado no jornal Cruz Alta há poucos meses)

domingo, 11 de janeiro de 2015

UMA MEDALHA RARA DE SANTA EUFÉMIA DA SERRA


SINTRA, "A GLORIOUS EDEN"


No silêncio dos bosques procuro a paz.
Revejo-me na limpidez cristalina da água do lago.
Prende-se-me o olhar na imponência e elegância dos cisnes ,
E na suavidade com que deslizam
Na quietude das águas mansas.

Encho os pulmões com o ar leve e puro
Que se respira no alto da serra,
Enquanto descanso à sombra fresca
De um castanheiro centenário.
Deixo-me embalar pelo canto da água
A brotar das fontes,
Pelo rumorejar da folhagem
E pelos trinados alegres que a passarada
Solta nos ares.
Recordo o passado, ao ouvir o som indiscreto
De um beijo trocado num canto escondido,
E deixo que os raios de sol,
A dardejar por entre a ramagem,
Me beijem o corpo.

A espiritualidade que se respira no alto do monte,  
Com a cruz erguida a apontar ao céu,
Convida a olhar para as alturas e falar com Deus.
Parece-me ouvir o som suave das harpas
E do canto dos anjos, a descer até mim,
Nos braços do vento forte
Que me fustiga o rosto.

No ponto supremo da serra mítica,
Unem-se, a lua e o monte,
Num casamento que resulta em magia.
Aquela magia que todos sentimos
Em cada recanto da nossa serra,
E que faz de Sintra
Um Paraíso na terra..  



Guilherme Duarte

sábado, 3 de janeiro de 2015

A EMPRESA PARQUES DE SINTRA – MONTE DA LUA NÃO DESCANSA




Recentemente li uma notícia que dava conta da compra do antigo hotel Neto pela PSML com o objectivo de o recuperar e transformar num hostel. Como sintrense que sou regozijei-me com a boa nova. Finalmente aquela nódoa que envergonha Sintra ali mesmo no coração do centro histórico, paredes meias com o palácio nacional, iria finalmente desaparecer para dar lugar a um edifício recuperado.

Antes de escrever este artigo e para não correr o risco de veicular uma notícia que poderia não corresponder á verdade contactei os PSML para confirmar essa excelente notícia. Em boa hora o fiz porque a realidade neste momento não é bem aquela que me tinha chegado ao conhecimento. É verdade que existe a intenção por parte da administração da PSML em adquirir esse imóvel mas neste momento está ainda em curso o processo de autorização e de negociação para que o negócio se concretize. Ainda não é um dado adquirido a compra do antigo hotel Neto pela PSML, mas esperemos que a burocracia infernal que está enraizada nos hábitos deste país não venha inviabilizar esta compra importantíssima para Sintra e se torne responsável pela continuação da situação vergonhosa em que se encontra, há várias décadas, o antigo hotel Neto.

Tiro daqui o meu chapéu à administração da empresa Parques de Sintra Monte da Lua por esta iniciativa e pelo magnífico trabalho que tem vindo a desenvolver ao longo dos anos em todo o património que está sob a sua responsabilidade. Era impossível fazer melhor.

A talhe de foice aconselho os nossos leitores a visitarem os jardins, parques e palácios, o castelo e o convento e se informem de todas as actividades que vão sendo programadas para animação desses espaços enquanto esperamos que a compra e recuperação do hotel Neto se concretize.


Guilherme Duarte

(Artigo publicado no Jornal Cruz Alta há uns mesesatrrás)

O BETÃO ATACA DE NOVO




A invasão do cimento parece querer regressar em força ao nosso concelho e desta vez ameaça mesmo instalar-se às portas de Sintra. Depois de alguns anos em que a construção foi drasticamente reduzida, em parte por decisão da autarquia que pretendeu travar a sua expansão, mas principalmente pela retracção do mercado devido à profunda crise em que este país mergulhou e que afectou sobremaneira o sector da construção civil. Recentemente surgiram notícias que considero inquietantes, que indiciam que algo parece estar a mudar na política de construção adoptada pelo actual executivo camarário. Após ter sido anunciada a construção de um novo centro comercial do Jumbo a escassas centenas de metros do Forum Sintra veio agora a público a existência de um mega projecto que visa construir ali bem perto, na Abrunheira Norte, a Cidade da Sonae que prevê a construção de um outro hipermercado que muito provavelmente estará englobado num outro centro comercial ainda que de dimensões mais reduzidas. Esse projecto, ao que consta, prevê a construção de vários edifícios destinados a acolher empresas, clínicas e serviços vários. Está prevista ainda a construção de um parque temático que se chamará a Sintra dos Pequeninos.

A construção desta Cidade da Sonae está já a ser objecto de forte contestação entre a população sintrense que vê com preocupação as garras do betão a aproximarem-se perigosamente da garganta de Sintra ameaçando sufocá-la. Quando Sintra foi designada como Vila Património Mundial na Categoria de Paisagem Cultural, foi estabelecida, se não estou em erro, a criação de uma zona tampão destinada a impedir o avanço do cimento até à entrada da vila de Sintra. Será que este mega projecto que agora se anuncia respeita os limites e as condições dessa zona tampão?

Não vou tecer neste momento grandes considerações sobre este empreendimento porque desconheço qual a dimensão da área a ocupar e a volumetria dos edifícios a construir mas devo dizer que é com preocupação que, à partida, encaro a construção desta cidade da Sonae numa zona demasiado próxima da entrada mais nobre de Sintra, como se sabe Vila Património Mundial da Humanidade que devia estar protegida contra a invasão do cimento. Todos conhecemos o resultado desastroso da política urbanística seguida por vários executivos camarários ao longo dos anos e os reflexos amplamente negativos que a aprovação de várias urbanizações gigantescas provocaram quer na qualidade de vida dos moradores que para ali foram residir, quer na mobilidade rodoviária quer ainda na deterioração da paisagem. Foram erros graves aqueles que se foram cometendo ao longo dos anos, erros esses que não queremos ver repetidos.

Não me vou alongar mais sobre este tema, neste momento, dada a escassa informação de disponho mas gostaria de sensibilizar os nossos leitores para estarem atentos ao desenvolvimento deste empreendimento e manifestarem junto da autarquia a sua discordância  se não estiverem de acordo com o que se pretende ali fazer.


Guilherme Duarte

(Artigo publicado no nº de Janº 2015 do jornal Cruz  Alta) 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

TRABALHO QUE PUBLIQUEI NO PROGRAMA DAS FESTAS DE NOSSA SENHORA DO CABO EM 2010 NA FREGUESIA DE SANTA MARIA E SÃO MIGUEL


                  BREVES APONTAMENTOS HISTÓRICOS SOBRE A FREGUESIA   
                            DE SINTRA (SANTA MARIA E S. MIGUEL)

SINTRA

“A vila de Cintra, na Extremadura, é talvez a mais bela do mundo inteiro.” Esta afirmação de Lord Byron traduz na perfeição a admiração e o encantamento que Sintra lhe provocou. “A glorious eden”, foi assim que o poeta inglês a descreveu aos seus amigos, extasiado que estava com a belezas inigualáveis que Sintra lhe oferecia. Byron, diz-se, não terá sido um exemplo de virtudes, mas era sem dúvida um homem de cultura, viajado, e de refinado bom gosto. Não tinha os portugueses em grande conta, é uma verdade, mas rendeu-se completamente aos encantos de Sintra.  
Mas não foi só Byron a deixar-se arrebatar pelas belezas da nossa terra, muitas outras personalidades importantes da cultura europeia dos séculos XVIII e XIX, que visitaram Sintra, ou aqui residiram, ainda que temporáriamente, também se maravilharam perante o misticismo, a magia, o romantismo, a poesia e os encantos deste pedaço de paraíso, que Deus fez questão criar, neste cantinho do mundo, para assombro e delumbramento dos homens. Eis como alguns deles sentiram Sintra:
Richard Strauss, descobriu-lhe o misticismo:
 “Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Conheço a Itália, a Sicília, a Grécia e o Egipto, e nunca vi nada, nada, que valha a Pena. É a coisa mais bela que tenho visto. Este é o verdadeiro jardim de Klingsor e, lá no alto, está o Castelo do Santo Graal".
E também a magia:
 “O palácio da Pena bate todos os recordes da extravagância. Erguido sobre um rochedo no ponto mais alto da Serra, o edifício, que parece sair direitinho de um conto de fadas, sobressai por entre a verdura com as suas cores vivas de vermelho escarlate e amarelo canário".
Hans Christian Andersen encantou-se com a beleza da paisagem:
«Diz-se que todo o estrangeiro poderá encontrar em Sintra um pedaço da sua pátria. Eu descobri aí a Dinamarca. Mas julguei reencontrar muitos pedaços queridos de outras belas terras...»… Mas «diferente, mais belo e pitoresco» é «o palácio de Verão de D. Fernando». «Todo o caminho da serra é um jardim, onde a natureza e arte maravilhosamente se combinam, o mais belo passeio que se pode imaginar”
Robert Southey, também:
 "Nunca presenciei vista que destruísse tão completamente o desejo de viajar. Se eu tivesse nascido em Sintra, julgo que nada haveria que me tentasse a abandonar as suas sombras deliciosas e a atravessar a terrível aridez que as separa do mundo"
Vergílio Ferreira viveu-lhe o romantismo:
“Sintra é o único lugar do país em que a história se fez jardim”.
E Almeida Garret, a poesia.
 “Aqui a Primavera tem o seu trono” .

A FREGUESIA DE SINTRA (SANTA MARIA E S. MIGUEL)

A HISTÓRIA
Sintra tem atrás de si uma história riquíssima que recua até aos tempos pré-históricos. A serra, só por si uma autêntica fortaleza, atraiu alguns povos primitivos que ali se fixaram, confiantes na segurança que a montanha lhes garantia e seduzidos também pelos bons ares e pela generosidade das terras. O que se julga ser o mais antigo vestígio de ocupação humana em Sintra, foi encontrado na proximidade do Castelo dos Mouros, e trata-se de um Sítio do Neolítico Antigo, calcula-se que com IV a III mil anos AC. Muitos outros vestígios de antigas civilizações têm vindo a ser descobertos em variadíssimos locais como, por exemplo, na Penha Verde ocupada desde o Epipoleolítico até à Idade do Bronze, (1450 anos AC). No Monte Sereno foram encontrados vestígios coevos; em Santa Eufémia, um habitat fortificado da Idade do Ferro e no que é hoje a vila de Sintra, sabe-se que foi ocupada por povos do Neolítico Final e Caleolítico, IV a III mil anos AC. Monumentos funerários do Calcolítico Final e vários thloi têm vindo a ser descobertos, na sua maioria na área da serra e um deles no Vale de S. Martinho. Ao longo dos séculos foram vários os povos e comunidades que por aqui passaram, deixando atrás de si um importante espólio arqueológico que tem vindo a ser descoberto, recolhido e estudado por especialistas. Sabe-se hoje muito da história antiga de Sintra, mas, de certeza, que há ainda muito mais história por descobrir. Da ocupação romana e islâmica, há bastante informação que tem sido largamente divulgada por vários historiadores que se dedicaram, e dedicam, ao estudo de Sintra, mas é da Idade Média, a partir do ocupação cristã em 1147 que realmente começa a história que nos interessa para o desenvolvimente deste pequeno e despretencioso trabalho.  

Não é possível determinar com rigor a data da criação da Freguesia de Sintra (Santa Maria e S. Miguel), mas conhecem-se as suas origens. Sabe-se que depois da rendição de Sintra às tropas cristãs de D. Afonso Henriques este mandou, pouco tempo depois, edificar uma pequena igreja, (a de S. Pedro de Canaferrim), nas proximidades do castelo. Estava criada a primeira paróquia da vila.  Mais tarde, e porque os habitantes de Sintra, passado o perigo de ataques inimigos, sentindo-se mais seguros, começaram a abandonar a protecção das muralhas da fortaleza, e a fixar-se no Arrabalde, onde, pouco tempo depois, foram construidas mais duas igrejas e respectivas paróquias, a de Santa Maria e a de S. Miguel. Foi edificada ainda, nas proximidades do Chão de Oliva, uma outra igreja, a de S. Martinho, e, consequentemente, criada uma outra paróquia, com o mesmo nome. As áreas correspondente às quatro paróquias que então já existiam na vila de Sintra ficaram demarcadas em 1253, pelo  Tratado de Lemite. No que respeita às igrejas do Arrabalde, sabe-se que eram dois templos magníficos que foram quase totalmente destruidos pelo terramoto de 1755. Apenas a igreja de S. Miguel não foi reconstruida, o que originou a extinção da paróquia e a sua integração na paróquia vizinha de Santa Maria, isto no último quartel do século do século XIX, ( provavelmente em 1860),  Mais tarde, em 1897, foi a vez desta freguesia, já unificada,  ser anexada à de S. Pedro de Penaferrim, por força dum Alvará de 9  de Junho desse ano, “por não terem concorrido eleitores”. Foi posteriormente desanexada por força do Decreto nº 10.535 de doze de Fevereiro de mil novecentos e vinte e cinco.

ÁREA E POPULAÇÃO 

A Freguesia de Sintra (Santa Maria e S. Miguel), cobre actualmente uma área aproximada de 11,5 km2 que se alonga, na sua zona habitada, do Arrabalde até ao Ral, abragendo pelo meio  os bairros da Estefânea e da Portela de Sintra, e os lugares de Monte Santos, Cabriz, Lourel, Campo Raso e A-dos-Crivos. Em plena serra, onde o lua beija o monte, temos ainda o Castelo dos Mouros. A freguesia está delimitada a Norte pela Freguesia da Terrugem, a Sul por S. Pedro de Penaferrim, a Leste pela Freguesia de Algueirão-Mem Martins e a Oeste pela de S. Martinho.  A população actual ronda os 10.000 habitantes.

CARACTERÍSTICAS

Santa Maria e S. Miguel é uma freguesia em franca expansão, que não ficou parada no tempo. Sem esquecer o passado, cujas memórias se esfoça por conservar, não deixa de ter os olhos bem postos no futuro. Tentam os responsáves autárquicos e a população que ama Sintra encontrar um equilíbrio sustentável entre o passado e aquilo que se pretende que seja o futuro, sem que qualquer um deles invabilize o outro. É sobre as memórias do passado que as sociedades inteligentes alicerçam o seu  futuro.
 Freguesia maioritáriamente de cariz urbano, (os bairros da Estefânia e da Portela de Sintra, o Arrabalde, Lourel e Monte Santos), dispõe de algumas áreas caracteristicamente rurais, (um pouco em Cabriz, no Ral, Campo Raso e A-dos-Crivos). Se é verdade que o comércio não se modernizou o suficiente e está ainda longe da vitalidade desejada, em contrapartida, os sector dos serviços tem crescido rapidamente e está activo e pujante, centralizado preferencialmente na Estefânia e na Portela de Sintra.  Serviços camarários vários, Finanças, Tribunal, Protecção Civil, Julgado de Paz, bancos, seguradoras e clínicas médicas e de diagnóstico são alguns dos exemplos de uma vasta rede de serviços implantada na área da freguesia. Também o sector dos transportes tem aqui as suas bases principais. A primitiva estação ferroviária, o interface com os autocarros junto do apeadeiro da Portela, o eléctrico e as praças de táxis.  

PATRIMÓNIO EDIFICADO

É vasto e rico o património da Freguesia de Sintra (Santa Maria e S. Miguel). O seu mais importante, e mais emblemático monumento é sem dúvida o Castelo dos Mouros, antiga fortaleza medieval, herança de quatro séculos de ocupação muçulmana. Praticamente destruido pelo terramote de 1755 foi recuperado no século XIX pelo Rei-Artista, D. Fernando II, embora com uma configuração diferente da construção original. Diz-se que na Torre Real, no ponto mais elevado das muralhas terá vivido o poeta Bernardim Ribeiro.
Os Paços do Concelho é uma das mais belas peças arquitectónicas da nossa freguesia. Começou a ser construido em 1906 segundo um projecto do arquitecto Adães Bermudes, no local onde se encontrava a ermida de S. Sebastão.
A Cadeia Comarcã de Sintra contruida em 1909 nos terrenos do antigo cemitério de S. Sebastião veio substituir o antigo estabelecimento prisional que existia na Vila Velha, junto à Torre do Relógio. Adães Bermudes, o arquitecto, desenhou-a de forma aparecer uma “fortaleza medieval” de forma hexagonal com as diferentes faces ligadas por merlões, torrelas e guaritas. A cadeia foi desactivada em Junho de 1969.  
O Monumento aos Combatentes da Grande Guerra, instalado na Correnteza é uma obra do escultor José da Fonseca, para homenagear os soldados caídos em combate durante a 1ª  guerra mundial, (1914/1918);

A capela de Santo Amaro, é descrita no site da  Câmara Municipal de Sintra, da seguinte forma: “Sobre uma pequena elevação de terreno diante do velho Solar dos Ribafria, encontra-se a elegante Capela de Santo Amaro, ali erguida, provavelmente, no século XIII ou XVI. Embora de linhas simples, este templo, construído em estilo românico, é imponente na sua humildade”.

O Convento da Trindade foi “fundado em finais do século XIV, pertencia à Ordem dos Frades Trinitários, ordem mendicante oriunda do convento da Trindade em Lisboa. O convento propriamente dito terá sido mandado construir por volta de 1400, no reinado de D. João I, aproveitando uma antiga ermida aí existente. Desse primitivo edifício já nada resta hoje, e a fachada que podemos observar é obra de sucessivas alterações, a última das quais na década de 1980”.

A igreja de Santa Maria, (classificada como monumento nacional), foi mandada edificar no último quartel do século XIII, pelo prior Matim Dade, em substituição de uma pequena uma ermida que ali existia. Destruida quase por completo pelo terramoto de 1755, foi então reconstruida, mantendo o pórtico original. Merecem destaque a capela-mor  com a sua abóboda artesonada medieval, a pia baptismal manuelina e uma magniífica imagem estofada e policromada, do século XVII, representando Nossa Senhora da Conceição.
Como exemplos de arquitectura mais recente temos o Centro Cultural Olga de Cadaval, (antigo Cine-Teatro Carlos Manuel), o Museu de Arte Moderna, onde há algumas décadas atrás funcionou o antigo casino, e a igreja de S. Miguel, um exemplo muito interessante da nova arquitectura religiosa.

O PATRIMÓNIO CULTURAL
Sintra é um dos principais pólos culturais do nosso país, com prestígio reconhecido além-fronteiras, principalmente pelo elevado nível da programação do seu Festival de Música. Na área de Santa Maria e S. Miguel estão instalados alguns dos mais importantes equipamentos culturais da nossa terra, como o Centro Cultural Olga de Cadaval,  o Museu de Arte Moderna, a Biblioteca Municipal, a Casa do Eléctrico e a Casa do Teatro de Sintra. A componente científica não podia ser esquecida e o Centro de Ciência Viva, instalado na Ribeira de Sintra, tem sido um veículo de divulgação da ciência, principalmente entre as crianças. Uma referência para o Jornal de Sintra, um orgão de comunicação social, já com mais de 75 anos de existência, ao longo dos quais tem vindo a desenvolver uma acção importantíssima na divulgação da cultura sintrense, das suas personalidades mais marcantes e na defesa dos interesses de Sintra e dos sintrenses.
Como curiosidade, e dando voz à minha costela de aficionado, e também porque talvez poucos sintrenses o saibam, existiu em tempos em Sintra uma praça de touros, no local onde se encontra hoje o Mercado Municipal da Estefânia. José Alfredo da Costa Azevedo, em “Bairros de Sintra”, conta-nos como foi: “Entre as Ruas Barros Queirós, Ulisses Alves, Capitão Mário Pmentel e as traseiras dos prédios da Avª Heliodoro Salgado , onde foi construído o mercado actual da Estefânia existiu uma praça de touros, construida antes de 1878, (…), foi demolida após implantação da República  por ordem do Presidente, Fernando Formigal de Morais, com a intenção de fazer uma melhor. Mas o Formigal de Morais, aborrceu-se com o cargo, (e isso acontece a muita gente boa), abandonou-o, e a praça de touros nunca mais se construiu.


O PATRIMÓNIO GASTRONÓMICO
Falar da gastronomia de Sintra é falar essencialmente da sua doçaria tradicional e principalmente das queijadas, das sabororas e apreciadas queijadas de Sintra. O bairro da Estefânia ocupa um lugar importante na história desse doce ancestral já referenciado em escritos de 1227, reinava então em Portugal o rei D. Sancho II. As fábricas das queijadas do Gregório e a das Verdadeiras Queijadas da Sapa, ainda em plena actividade, estão situadas na área da nossa Freguesia, onde se fabricaram também, em tempos idos, as queijadas da Mathilde e em épocas mais remotas, as queijadas Bijou, cuja fábrica funcionava na Rua Alfredo Costa. Recordo-me ainda da existência, nos limites da Freguesia, na Volta do Duche junto à entrada do parque, hoje da Liberdade, um outro queijeiro, que fabricava e vendia as suas queijadas, cujo nome já não consigo lembrar, num edifício que foi demolido por ocasião do alargamento da Volta do Duche, há já mais de meio século. Novas marcas de queijadas surgiram entretanto na Estefânia, as “Centenárias”, fabricadas pla pastelaria Tirol, as “Monserrate”, fabrico da pastelaria com o mesmo nome e “Palácio Real” do Restaurante Apeadeiro.  Uma referência ainda,e muito especial, para os pastéis de nata do Gregório, uma verdadeira delícia, que rivalizam, com vantagem, na minha opinião, com os celebrados pastéis de Belém.

QUINTAS

São várias as quintas e casas apalaçadas existentes na nossa freguesia, algumas delas, infelizmente, em estado de alguma degradação, fruto do abandono a que têm sido votadas após o falecimento dos antigos proprietários e que os herdeiros, por desinteresse, dificuldades económicas ou desentendimentos e litígios, têm vindo a descurar. Felizmente nem todas estão decadentes pois existem ainda algumas bastante bem conservadas como por exemplo a Quinta da Ribafria, a Quinta do Palmela ou de S. Sebastião e a Quinta dos Lagos.
Existem ainda, algumas outras propriedades de menor dimensão, mas todas elas pitorescas e com motivos de interesse, quer seja pela frondosidade dos parques, pela diversidade da vegetação, pela traça arquitectónica dos solares, e até, em algumas delas, pelas suas pequenas mas interessantes capelas. São elas a Quinta de Santo António, a Quinta da Roussada, a Quinta dos Cedros, a Vila Eugènia, o parque da Casa Mantero, (hoje a Biblioteca Municipal), o Casal de Santa Teresinha e outras tantas que existem um pouco por toda a área da nossa freguesia.

O ASSOCIATIVISMO

Algumas das mais importantes colectividades de Sintra, estão sediadas em Santa Maria e S. Miguel, freguesia onde sempre existiu  forte espírito associativo bem expresso no significativo número de colectividades que aqui nasceram e que ao longo da sua vida se têm dedicado à prática do desporto, à promoção da cultura e do recreio e à acção social. O desporto tem sido dignamente representado pelo Sport União Sintrense, uma referência no desporto sintrense (já foi campeão nacional de futebol da 3ª divisão ), pelo  Hockey Clube de Sintra, um baluarte do hóquei em patins em Portugal, com vários títulos nacionais e internacionais conquistados e berço de vários campeões do mundo; a Tuna Operária de Sintra que para além da componente recreativa que a caracterizou no primeiro meio século da sua existência, tem vindo ultimamente a destacar-se na prática desportiva e que deu, recentemente, à nossa terra um campeão do mundo na modalidade de karaté shukokai e o Sporting Clube de Lourel, que tem vindo a desenvolver um trabalho exemplar nos escalões do futebol de formação. De referir que, quer o Sport União Sintrense, quer a Tuna Operária de Sintra, se preparam já para comemorar condignamente os respectivos centenários, o Sintrense a 7 de Outubro do próximo ano, a Tuna, no dia 1 de Maio de 1912.   

Para além das colectividades já mencionadas há muitas outras que têm vindo a desenvolver uma actividade a todos o títulos notável ao serviço da população sintrense, nas mais diversas áreas de actuação. A Associação Cultural, Social e Recreativa de Cabriz; a Liga dos Amigos da 3ª Idade, “OS AVÓS”, que desenvolve uma importantíssima actividade social direccionada aos idosos, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sintra, cuja importância é desnecessário salientar, por tão evidente que é e a Santa Casa da Misericórdia de Sintra, que desenvolve a sua actividade em três sectores fundamentais: acção social, infância e idosos. A Associação Cultural da Terceira Idade de Sintra (Universidade da 3ª Idade); Associação de Idosos, Pensionistas e Reformados de Lourel; a delegação de Sintra da Associação Coração Amarelo; a delegação de Sintra da Cruz Vermelha Portuguesa; a “ Âncora” – Associação de Pais em Luto; Associção Cultural, Desportiva e Recreativa D. Carlos I; a Casa do Concelho de Resende; o Núcleo de Sintra da Liga dos Combatentes, a Associação de Defesa do Património de Sintra; o Centro Cultural e Desporto Sintrense; a CERCITOP, (Centro de Educaçãoe Reabilitação de de Todo o País, CRL); o Grupo nº 93 da Associação dos Escoteiros de Portugal; o Agrupamento nº 1134 do Corpo Nacional de Escutas; a União Columbófila de Sintra;, a Associação Empresarial de Sintra e o Clube de Esgrima de Sintra, têm também elas um historial brilhante, cobrindo praticamente todas as áreas sociais e etárias, promovendo o apoio e a solidariedade, a saúde física e mental, a intervenção cívica, a partilha e o espírito de equipa, É um rol imenso e inestimável de serviços prestados à população, garantidos por pessoas que sacrificam muito do seu tempo livre para o colocar ao serviço do seu semelhante. 

AS PESSOAS

Falámos atrás nos diversos tipos de património que enriquecem e dignificam a nossa freguesia, que encantam os visitantes e nos orgulham a todos os que aqui nascemos, ou vivemos. Falta falar ainda de um outro tipo de património, talvez o mais importante e talvez aquele que menos se evidencia e o menos reconhecido: o património humano… as pessoas. São elas que sonham, são elas que acreditam no sonho e são elas que o concretizam. Sem elas e sem a sua capacidade de sonhar a obra não nasceria. Sintra está repleta de sonhos concretizados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estes breves dados históricos com que se pretendeu dar a conhecer um pouco melhor a Freguesia de Sintra (Santa Maria e S. Miguel), foram pesquisados em várias publicações e sites da internet, devidamente referenciados. Um estudo mais aprofundado ter-nos-ia proporcionado muito mais informação para partilhar com os leitores deste programa das festas de Nossa Senhora do Cabo Espichel, e proporcionar-lhes-ia conhecimentos mais aprofundados da história da nossa terra. Por limitações de tempo e de espaço não foi possível ir mais longe. Se para muitos dos nossos leitores nada do que aqui foi escrito constitui novidade, acredito que para muitos outros há aqui informação que desconheciam. Se este trabalho for útil, nem que seja para um leitor apenas, acreditem que, para mim, valeram a pena, as muitas horas consumidas na pesquisa e na construção do texto.
A nossa freguesia vai receber, uma vez mais, a veneranda imagem de Nossa Senhora do Cabo Espichel que desde 1460 nos visita apenas uma vez em cada quarto de século. São festas que tocam no coração do povo. São momentos de alegria mas também são momentos de saudade.Todos nós tivemos pessoas queridas que viveram connosco estas festas há 26 anos atrás e que agora já não estão presentes. Não o estarão físicamente, é verdade, mas estarão, com toda a certeza, bem dentro dos nossos corações. Cada uma delas ajudou também a escrever a história destas festas. Fazem parte da história desta freguesia que é a nossa. Saibamos ser dignos dos nossos antepassados, e que para nós seja uma questão de honra contrubuirmos para o brilhantismo destes importantes festejos. Também nós, ainda que anonimamente, passaremos a fazer parte da memória das festas da Senhora do Cabo e da história da freguesia de Santa Maria e S. Miguel, porque é o povo que faz a história.
Guilherme Duarte

Nota: Este trabalho contém passagens retiradas dos sites da Câmara Municipal de Sintra e Malha Atlântica.



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BRASÃO DE ARMAS E ESTANDARTE

Orago - Santa Maria e São Miguel  Área - 11,4 Km2
  Ordenação heráldica do brasão e bandeira
Publicada no Diário da República, III Série de 15/12/1997
Armas - Escudo de prata, asna merlonada de verde; em chefe, uma flor-de-lis e um ferro de lança, ambos de vermelho. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas : “ SINTRA – SANTA MARIA E SÃO MIGUEL “.


 ESTANDARTE - De verde, cordões e borlas de prata e verde. Haste e Lança a ouro.



Guilherme Duarte